Como é de praxe, está aqui a dar opiniões a figura do Editor da revista Você+ Digital. São apenas pontos de vista, com o único objetivo de pensar alto, de extravasar o que as pessoas normais fazem o tempo todo em suas vidas e que, num veículo de comunicação o Editor só deve fazer aqui no Editorial.

Explico o que me move nesta empreitada: é que ao cabo de aproximadamente trinta dias – pouco mais, pouco menos – naveguei por mar revolto, ou seja, estive a bordo de uma Covid ou seja lá o nome que lhe queiram dar. Bem, explicando melhor: o laudo que me deram no Posto de Saúde da Prefeitura de Marataízes estampava lá o malfadado veredito: Covid, portanto…

A partir daí tudo ficou muito confuso em minha cabeça: logo nos primeiros dias achei que erraram no Laudo, porque me sentia absolutamente bem, sem nada que chamasse a minha atenção ou afrontasse o meu bem estar.

Ao cabo de uma semana mais ou menos, algumas altercações começaram a se fazer presentes: leves desconfortos físicos, o apetite já não era o mesmo, a simples lembrança de uma cama já se afigurava como um convite irrecusável, intestinos indisciplinados, humor irascível…

E não parou por aí: chegaram as dores no corpo, imprevisíveis; o apetite arribou de vez; vontade de ficar sozinho, mas sozinho de verdade, nem comigo mesmo; surpreendi-me umas duas vezes, no meio da noite, mudando de roupa para ir comprar pão na padaria; memória vacilando; idas ao banheiro cada vez mais extemporâneas ou, na contramão, sempre correndo para evitar vexames; e os remédios – será que os tomei nas quantidades certas, nas horas certas, nas marcas certas? -; memória vacilando mais…; tonturas e visita “coercitiva” na calada da noite à UPA – Unidade de Pronto Atendimento da Prefeitura de Marataízes (de excelente atendimento) para tomar soro na veia para hidratar…

Eu sem conexão comigo mesmo…

Xiii… o negócio foi ficando feio! Eu, sempre cheio de marra, agora sem poder tomar conta de mim mesmo. E cada tipo de ajuda que tentavam me dar (amigos, esposa, filhos, netos, vizinhos, visitas…) só contribuía para me deixar mais zonzo. Sentia-me, como relatam alguns, como aquelas pessoas que morrem e que antes de embarcarem para a vida eterna, ficam por algum tempo pairando sobre o seu próprio corpo, olhando tudo de cima… Eu sem poder tomar conta de mim. Prenúncio de Alzheimer? Deus me livre…

E a confusão toda não para por aí, mas o meu objetivo é esclarecer e não confundir. Laudas de papel seriam necessárias para fazer um relatório minucioso de todo o interstício do vírus, mas tentarei pelo menos o mínimo aqui neste Editorial.

Penso alto sobre com questões que não querem calar: tomei duas doses da vacina, não participei de aglomerações nem de confraternizações, não dei beijos na boca nem abraços apertados, usei máscaras quando o ajuntamento superava quatro ou cinco pessoas, distanciamento mínimo não foi uma exceção em meu tempo pandemia, etc etc etc Ou seja, tentei o tempo inteiro levar uma vida minimamente digna e dentro de padrões civilizatórios de convivência.

Sei, sei… a Ciência e todos os seus derivativos (incluídos aí, claro, os grandes Laboratórios) estão trabalhando em regime de tempo integral para encontrarem soluções redentoras que minorem a dor de tantas e tantas famílias ao redor do mundo. Porém, nenhum avanço científico fará sombra ao carinho e aos afagos das famílias que acolhem os seus doentes.

Algo de bom virá por aí, sabemos, mas enquanto isso não acontece elevemos os nossos corações aos Céus e agradeçamos por permanecermos ainda por aqui nessas paragens, escrevendo e lendo este Editorial, para dizer o mínimo de tudo de belo que a Vida ainda reserva para nós…

Deus é Pai!

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