Eu gosto da palavra “Significado”. Ela é peculiar, pois é a única palavra autossuficiente do dicionário.

Opera como uma espécie da causa primeira entre as palavras, concedendo às outras o seu espírito.
O ser humano tem uma relação íntima com essa palavra, pois vive buscando o significado das realidades. Da dinâmica de atribuir significados na vida, nascem os nossos mais belos projetos, nossos relacionamentos mais preciosos, e o próprio sentido de nossas vidas.

A desorganização dos significados, motivada pela pressa e a banalização frequentes em uma sociedade utilitarista, causa a famigerada falta de motivação. No desmotivado faltam energia, convicção, atitude, alegria. Faltam motivos, e como consequência, falta VIDA.

No mundo corporativo, os departamentos de RH tentam de tudo para “motivar as equipes”, mas a maioria dos empresários com quem converso revela desanimadora efemeridade nos resultados. Particularmente, acredito que haja algo a mais, em nível mais profundo, que a maioria das ações motivacionais não alcança. Chamo de Motivação Profunda, o resultado de uma reforma dos significados que atribuímos às realidades, aqui especificamente ao trabalho, e a um íntimo redescobrir do sentido desse lugar onde passamos um terço ou mais da nossa vida.

O trabalho vai muito além de fardo ou obrigação imposta desde fora. Trata-se de um chamado à dignidade de prover o próprio sustento, da vocação íntima e profunda de fazer bem feito (seja como executivo ou como jardineiro), de contribuir no aperfeiçoamento do mundo, de crescer na capacidade de lidar com as dificuldades, e, na possibilidade de descobrir a beleza, por vezes escondida, das pessoas com quem somos chamados a conviver. Trabalho é encontro. Com os outros, e com o que de melhor está em nós, esperando para acontecer.

O ser humano tem livre arbítrio para atribuir novos e profundos significados a tudo que o cerca, de forma a extrair motivos e seguir em frente para tornar-se o melhor que ele pode ser. Ao exercê-lo, resgatará o propósito, a energia, o foco, o rumo e a alegria, seja no campo profissional, na família ou nas relações sociais. Esse é o verdadeiro e profundo antídoto da desmotivação.

Jorge Penedo

é cachoeirense, casado com Helena e pai de Ana Júlia. É engenheiro por formação e trabalha com exportação de software. Gosta de refletir sobre o ser humano, seus comportamentos, relacionamentos, significados e motivações. Atua como escritor e palestrante em temas que promovam o desenvolvimento do ser humano e de suas relações
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